quinta-feira, 10 de julho de 2014

Curta Metragem On Line · Curtas 2014: Humor e amor nas curtas internacionais



Mestres da animação, Aubier e Patar já venceram o Cinanima e levaram o stop-motion aos ecrãs de Cannes pela primeira vez na história do festival. Este ano, realizaram mais um episódio da lendária "Panique au Village", que compete em Vila do Conde.

No Curtas há cinema e cinema. E animação. Alguma - e alguma boa. Exemplo perfeito são os legitimados belgas Stéphane Aubier e Vincent Patar, realizadores de "Panique Au Village", série televisiva com 20 episódios difundida em 2002 e, sete anos mais tarde, transformada em longa-metragem. Em 2014, a dupla perpetua a história, em que a amizade une um índio e um cowboy, com a criação de novos episódios, entre os quais "La Bûche de Noël".

Tudo em torno de um bolo (ou a falta dele) no dia de Natal, neste pequeno cosmo de Aubier e Patar o cavalo é o mais sério e paternalista dos seres vivos, enquanto o índio e o cowboy se revelam infantilizados e os guardas se dedicam a fazer a festa. É caso para dizer: a brincar, a brincar (aos índios e cowboys), se dizem as verdades. A narrativa é simples: as inúmeras tentativas da dupla principal de personagens recuperar, a todo o custo, as suas prendas, após terem sido castigados pela destruição do doce típico, tronco de Natal.
"Person to person" aborda a fugacidade dos dias

Vindo do outro lado do Atlântico mas igualmente cómico, Dustin Guy Defa apresentou a sua própria curta-metragem, "Person to Person", vencedora de prémios no Festival de Cinema de Berlim e no Festival de Cinema SWSX. Entre analepses e prolepses, a personagem principal, interpretada por Bene Coopersmith, vai contando, a um vizinho e aos vários clientes que surgem na sua loja de música, que uma rapariga desmaiou na sua sala durante uma festa e ali permaneceu até ao dia seguinte.

Durante todo o dia, Benne tenta expulsar a desconhecida que, mesmo depois de acordada, insiste em ficar. Além de um retrato caricato, embora ínfimo, de Brooklyn, o realizador norte-americano evoca a noção do tempo através da fugacidade dos dias.

Embora nascida em Lisboa, a luso-suíça Jenna Hasse compete na secção internacional com a curta-metragem "En Août". Em aproximadamente nove minutos, Hasse filma um dia particularmente importante na vida de Margaux e de qualquer criança em semelhante posição: a separação do pai.

Quase sempre em silêncio e impávida, Margaux divide-se entre a tristeza, a consciência e a aceitação da mudança. Como a autora refere na nota de intenções, "não filma nada espectacular". Porém, e talvez por optar filmar através dos olhos da menina, emerge uma intensidade que atravessa o próprio filme mas também o espectador.
Belo, Ruy Belo em estreia mundial

Mas a competição internacional de curtas-metragens começou já no domingo, depois de Ruy Belo ser homenageado com a projeção em primeira mão do documentário "Era uma Vez".

"O que faz Chico Buarque no ecrã do Curtas?" Lê Ruy Belo. O cantautor brasileiro é o participante especial do documentário biográfico do poeta, "Era uma Vez", realizado por Fernando Centeio e Nuno Costa Santos, e apresentado em estreia mundial no Teatro Municipal de Vila do Conde. Quase não poderia ser de outra forma, dada a ligação muito próxima de Ruy Belo com a localidade, ou não fosse casado com uma habitante da terra, e em particular com o mar.

Através de depoimentos de personalidades como Luís Miguel Cintra, Vítor Silva Tavares, Teresa Belo ou Alice Vieira, em consonância com a revisita de alguns poemas do escritor, que é recordado nas mais diversas dimensões: política e religiosa, inclusivamente.

Desenhado o percurso de Ruy Belo, desde a participação na Opus Dei à integração nas fileiras do CEUD, o poeta da morte (assim apelidado) é retratado como alguém humilde e simples, que facilmente prescinde da genialidade em prol do convívio. O que acaba por se reflectir na obra: partindo de pequenos objectos do quotidiano, Ruy Belo transcende para questões de ordem existencial, sempre através de uma linguagem acessível.
"Peine Perdue" e a nova vaga do cinema francês

Vencedora de vários prémios internacionais e participante na secção de Competição Internacional, a curta-metragem "Peine Perdue", de Arthur Harari, parece querer pertencer à nova vaga do cinema francês que contempla nomes como Olivier Assayas ou Alain Guiraudie.

Uma narrativa aparentemente simples junta quatro jovens (duas raparigas e dois rapazes) num fim-de-tarde de verão e, como não poderia deixar de ser, a paixão irrompe. Porém, Harari subverte o clichê com um final absolutamente surpreendente em que os diálogos misteriosos e a performance dos actores se mostram peculiares.

Da Letónia chegou uma das maiores surpresas do festival (até ver). De forma absolutamente singela, "Hotel and a Ball", de Laila Pakalnina, revela o quotidiano de um hotel e de um campo de futebol. Sem qualquer diálogo encenado ou entrevista, a realizadora apenas se coloca no papel de observador face àqueles acontecimentos. Também não existe narrador, o que privilegia a sonorização e resulta num jogo constante entre o ruído e o silenciamento.

Os planos são fixos e quase sempre resultam em composições fotográficas. Cada espectador é convidado a produzir um ponto de vista idiossincrático sobre o mundo, sobre aquilo que é representado.


fonte: http://jpn.c2com.up.pt/2014/07/09/curtas_2014_humor_e_amor_nas_curtas_internacionais.html


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